Estou indo de novo no caminho que eu estava antes da minha ida virar de cabeça para baixo: estudar para um concurso que me pague mais e que eu trabalhe menos.
Tinha dado um tempo dos estudos para concurso. Não estava com tempo, não estava confiante, estava com muitos problemas na cabeça e principalmente no trabalho. Os verbos seguem no presente. Ainda tenho tudo isso, mas fazer isso acompanhada e sem grandes expectativas me fez querer voltar a tentar, mais paciente e menos cruel comigo mesma.
No recesso de carnaval passei por um momento bem pesado por não conseguir estudar. Antes do carnaval passei por muitas e péssimas no trabalho, o que tenho certeza que influenciou no meu cansaço mental, que me impedia de conseguir me concentrar sem pensar que na quinta-feira eu voltaria para o mesmo lugar que tem uma certa pessoa que vive como um dementador, ela faz bem esse papel, a JK (como nos referimos a ela agora?) ficaria orgulhosa.
A carga da vida adulta vai tomando conta da gente aos pouquinhos. Uma neurose por escolher sua profissão aqui, uma crise dos vinte ali, a necessidade da autonomia e da liberdade, o primeiro emprego e, a mais nova frequentadora dessa minha mente cansada, a aceitação de que alguns dos meus sonhos não vão se realizar mesmo que eu tente e minha vida vai acontecer mesmo assim, principalmente sendo uma pessoa pobre.
Essa doeu hein.
Eu tinha muitos planos para a vida adulta e a maternidade é a que mais exige de mim algumas condições. Na minha cabeça, eu precisava de algumas coisas antes de engravidar, por n motivos mas principalmente para que eu pudesse curtir a maternidade de forma tranquila.
Mesmo querendo muito ser mãe, eu sei que existem os prós e os contras; eu sei que quero passar o maior tempo possível com meu filho (ou filha ou filhe) hipotético, sei que quando nascem é isso que nos guia; sei que haverá o puerpério e que ele é bem difícil, quero poder passar por esse momento com o máximo de tranquilidade possível; sei que vou sentir fome e cansaço e que não vou dormir direito por alguns meses, mas quero vivenciar essa fase com meu parceiro e as pessoas que amo sem ficar perto das constantes críticas que as pessoas gostam de jogar nas mães; quero amar e educar conforme os livros que leio e o afeto que teremos dentro da nossa casa, mas sei que haverá vezes em que não vou saber o que fazer, que vou sentir coisas que não são felizes por causa disso…
Enfim, eu tenho esse desejo, meus trinta estão chegando e não quero ser mãe na cidade onde moro agora, nem com o emprego que tenho agora, nem na casa que tenho agora. Tudo isso somado ao dementador no trabalho e a minha impotência diante dos estudos me paralisou. E me fez soluçar.
A essa altura eu ainda não sabia o porquê de estar chorando, precisei de uma conversa com minha melhor amiga para chegar no ônus desse enigma: talvez eu não tenha uma casa própria, talvez eu não tenha um carro, talvez eu não consiga mudar de emprego, mas a minha vida vai acontecer mesmo assim. A vida acontece nos entres.
Então me dei um tempo para assimilar a mais nova tripulante do meu barco-de-adulta, ficou cheio, pesado, mas tinha mais gente para colaborar com a manutenção. Sinto que estamos nos ajustando, colocando madeiras mais largas na popa e na proa, um mastro maior com velas sendo pintadas em busca da cor ideal, revezando nas remadas para ninguém ficar sobrecarregado, além do mais, não precisamos correr.
E hoje, quando ficamos mais tranquilos com as mudanças, meu irmão me fala de um concurso que eu já tinha dito que não ia fazer, e a ele eu dei a mesma resposta, até ele dizer que trabalha seis horas por dia. Eu disse que ia fazer na mesma hora.
Trabalhar menos, lembra? E o salário básico junto aos auxílios é mais do que o que eu e meu parceiro ganhamos agora. Isso iria me dar a possibilidade de sonhar com uma casa sem pagar aluguel, diminuir nossos aperreios quanto aos boletos, ajudar meu namorado com os seus sonhos caso apenas eu passe (por que não quero colocar o peso de conseguir isso em cima dele e ele tem trabalhado muito) e ficar mais perto da família e dos amigos.
Vou tentar me manter tranquila no processo. Focar em aprender os assuntos e não na linha de chegada. Se não for esse, pode ser o próximo.
O conhecimento não se perde.
Não sei como vão ficar as ideias dos livros que quero escrever, são sonhos que não custam dinheiro porque não cheguei a pensar em publicar ou qualquer coisa do tipo, mas exigem saúde mental e ócio, coisa que não vou conseguir ter por enquanto. Quero continuar o videozinho no qual estou trabalhando no krita usando a mesa digitalizadora, é um trabalho satisfatório que me preenche. De qualquer forma, sei que quando eu tiver um emprego melhor, terei também mais tempo para me dedicar ao que eu gosto de fazer por fazer.
Vou me esforçar pra fazer exercícios de manhã, nem que seja alguns polichinelos porque trabalha tudo e não machuca meu joelho mole.
Comprei o livro A Vergonha da Annie Ernaux e enquanto ele não chega tenho lido em doses homeopáticas Tudo Que A Gente Sempre Quis da Emily Giffin, faz muito tempo que estou lendo e embora eu goste de como me sinto lendo, como se estivesse fazendo a leitura de uma fanfic, já percebi que não é o tipo de escrita que quero ter, acho que fazer essas observações dentro de mim são importantes para que eu possa chegar no ponto de como eu quero fazer.
Comecei a assistir Gilmore Girls e estou apaixonada. Já chorei, já sorri, já me gatilhou e fiquei emocionada com um beijo adolescente. Lembrei que seguia uma menina no youtube que falou sobre uma lista de livros lidos pela Rory e quero ler todos também. Lista aqui com link de afiliado na amazon da dona do blog.
Um beijo.
b.